Terroir Serra Catarinense e seus Vinhos

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Por Ivan Ribeiro**

Chegamos a Serra Catarinense e seus diversos terroirs, com altitudes de até 1.400 metros acima do nível do mar. Histórias, poesias, magias, exposições, sítios arqueológicos, passeios, degustações dirigidas ou na cave das vinícolas, visitas programadas. Muita coisa linda, muito assunto bom!

A Serra Catarinense está entrando no circuito do enoturismo, com qualidade extrema, excelente trabalho desenvolvido na região, com novas pousadas em construção, inclusive em algumas vinícolas, várias castas sendo cultivadas em toda região, o que denota uma extrema variedade de vinhos para serem degustados e que enriquece ainda mais toda essa aventura enogastronômica que deve ser vivenciada.

No entanto, mesmo considerando que a região de São Joaquim e a Serra Catarinense correspondem a mais de 50% de todo o empreendimento vitivinícola de produção de vinhos finos de Santa Catarina, é bom compreendermos toda sistemática da região.

Como o inverno pede vinho, é para Serra Catarinense que o turismo tem crescido. Muitas atrações, vinhos, passeios e muitas vinícolas boutique, com pequenas e cuidadosas produções. São dezenas delas, de forma que seria impossível tratarmos, apenas num breve artigo, de todas de grande importância para o cenário local. Claro que todas tem a sua particularidade, mas iremos nos concentrar apenas nas mais destacadas e conhecidas.

Divididas pelos municípios de São Joaquim, Campo Belo do Sul, Urupema, Bom Retiro, Urubici e Tangará, dentre outros municípios que compõem a Rota dos Vinhos de Santa Catarina, essas vinícolas desenvolvem o cultivo de castas de diversas origens, com destaques para castas de origem Francesa e Italianas. Lá podemos encontrar: Sangiovese, Carmenere, Chardonnay, Riesling, Syrah, Teroldego, Nero D’ávola, Sauvignon Blanc, Pinot Noir, Merlot, Cabernet Franc, Syrah, Malbec, Montepulciano D’Abruzzo, dentre tantas outras.

Um terroir típico, onde o inverno chega mais cedo, e que as uvas tem um amadurecimento mais lento, frente à toda concepção do clima, encontramos muitas colheitas tardias de Cabernet Sauvignon e apostas em uvas com características mais apropriadas para esse tipo de clima. Uma amplitude térmica grande, podendo variar entre 15 e 20 graus durante o dia e a noite, em vinhedos que variam entre 900 e 1300 metros de altitude.

Mesmo com alto índice pluviométrico da região, cerva de 240% acima do considerado ideal para o cultivo de uvas viníferas, o período de exposição ao sol, complementado com a amplitude térmica, maturação completa em seus períodos ideais, baixa pressão atmosférica pela altitude dos vinhedos e qualidade do solo, fazem com que as vinhas não percam tantos nutrientes no período noturno, quando ocorre a respiração das plantas (por força das baixas temperaturas), agregando mais sabores e aromas as uvas, o que aumenta a qualidade do produto final.

Vinícolas

Destaques para as vinícolas Thera, Villa Francioni, Suzin, Pericó, Leone di Venezia, Monte Agudo, Villaggio Bassetti, Villaggio Conti e Quinta da Neve, que é uma das mais antigas e a primeira a produzir vinhos na região.

Mais um terroir dilapidado, buscado e levado até vocês de modo simples, mostrando as riquezas do nosso Brasil. Cada vinícola com sua particularidade, cada região com sua experiência. E, nisso o Brasil vai crescendo em termos tecnológicos e ganhando espaço no mundo da viticultura.

Ainda tem muito por vir dessa região que já demonstra extrema qualidade dos seus produtos e vinhos de reconhecimento nacional e até internacional. Que venham mais e mais descobertas, novas vinícolas e novos vinhos. São o vinho e o turismo agregando valor e fazendo crescer os terroirs de Santa Catarina.

**Ivan Ribeiro do Vale Junior, advogado, sommelier, professor e escritor